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Crítica / “Thor: Amor e Trovão”

"Thor: Amor e Trovão" é um pouco dual, por vezes soando demais como "Regnarok" e por vezes mostrando ser capaz de brilhar sozinho.


A jornada de Thor é conturbada. Os dois primeiros longas do Asgardiano não são muito bem cultuados entre os fãs, sendo dois dos mais fracos entre os filmes do MCU. Porém, a virada veio quando Taika Waititi assumiu a direção do terceiro capítulo, entregando uma produção refrescante, certeira e mais condizente com a persona do herói.

Thor: Amor e Trovão chega aos cinemas dando continuidade à este match feito no paraíso. Waititi retorna ao seu posto de diretor, desta vez assumindo o roteiro ao lado de Jennifer Kaytin Robinson, e dá mais uma oportunidade para o personagem-título encarnado por Chris Hemsworth demonstrar seu conforto cômico no meio de uma jornada sobre o sentimento de insatisfação com as guinadas da vida.

 

Amor e Trovão

Não vou mentir. Saí da sala de cinema um pouco em conflito. Thor: Amor e Trovão tem uma dualidade muito latente: quando ele acerta ele acerta em cheio, mas quando não… o erro é muito visível. E neste caso, o grande deslize do longa é a sua dosagem.

Apostando muito mais no cômico (até mais que Ragnarok), Amor e Trovão não consegue equilibrar muito bem as partes dramáticas do roteiro e tais cenas soam muito à parte. Um exemplo claro é na declaração de amor trocada por Thor e Jane Foster (Natalie Portman), que tem o seu sentimento de “coração quentinho” esvaziado e parece artificial e deslocado. Ou até mesmo a suposta depressão de Thor e a sua jornada de “cura”, não sendo bem edificada e se perdendo no meio tanta comédia de ciúmes.

A comédia, inclusive, é um ponto que varia do mesmo jeito. Enquanto em alguns momentos o humor simplesmente erra a marcação (acho que toda a sequência envolvendo Zeus é um pouco forçada e arrastada demais, por exemplo), em outras situações as piadas são tão certeiras que é difícil não ver Taika Waititi impresso ali. Ainda não sei explicar, mas uma das minhas favoritas acontecem logo no início do filme, quando Korg (Waititi) está narrando o conto de Jane Foster. Simplesmente me pegou.

Mas os grandes acertos de Thor: Amor e Trovão ficam em seus personagens. Hemsworth continua confortável como o personagem-título, e a razão clara é a união com o diretor-roteirista. Já Portman reencaixa como Foster e o seu retorno é divertido, até porque Taika faz de Thor um título de diversão. Se como a Doutora Foster, Jane é uma cientista conhecida por não tirar um dia de descanso, como a Thor ela é despida de toda a sua seriedade, ganhando uma roupagem inversa. E curiosamente isso funciona já que Amor e Trovão é, acima de tudo, uma comédia romântica.

Acredito que o grande trunfo fica com Christian Bale. O ator encarna o vilão Gorr como uma luva, e toda a sua caracterização ajuda a construir o terror que O Carniceiro dos Deuses representa — principalmente em uma cena na segunda metade do filme, quando ele surge da escuridão e apenas o dourado de seus olhos são visíveis. Ainda não sei se este acaba sendo um dos melhores antagonistas do MCU (no mérito de construção narrativa), ou se é tudo graças a força que Bale traz para o personagem. De um jeito ou de outro: parabéns.

Thor: Amor e Trovão termina com um pouco mais de saldos positivos do que negativos — ainda que, como citado, os negativos pesem bastante. Adições como a trilha sonora dos anos 70 e a majestosidade visualmente soberba da cidade dos deuses são pontos legais a serem notados. Mas toda a sequência que se passa no minúsculo planeta em que Gorr se esconde é, para mim, o ponto alto deste lançamento. O suficiente para fazer o quarto filme solo de Thor valer a pena.

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