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Em sua primeira temporada, "O Livro de Boba Fett" vai para lugar nenhum e prova a insustentabilidade de seu personagem-título.

Em sua primeira temporada, “O Livro de Boba Fett” vai para lugar nenhum e prova a insustentabilidade de seu personagem-título.


Nota do Colab: este texto contém leves spoilers.

 

AAh, o fanservice… Hoje em dia, não há algo mais poderoso para Hollywood do que entregar para o público exatamente aquilo que ele pede e lucrar uma fortuna sem precisar fazer nenhum esforço. E quando misturado ao sentimento de nostalgia, o serviço aos fãs se torna imbatível.

Mas veja só. Não há nada de errado em mostrar seu agradecimento ao público por anos de lealdade, desde que você faça isso com, pelo menos, uma história em mente. Querer apenas se escorar no sentimento do “no meu tempo era melhor” é insustentável quando você não faz um esforço para trazer para as telas algo minimamente descente. E O Livro de Boba Fett é um excelente exemplo disso.

É inegável a força de Star Wars, assim como o sentimento de pertencimento que os fãs tem para com este universo. Mas assim como qualquer outra coisa, os filmes criados por George Lucas não são imunes ao famoso “surto coletivo”.

Convenhamos que, embora muito cultuado, Boba Fett nunca foi lá essas coisas. Seus 15 minutos de fama eram tudo que o personagem poderia sustentar dentro da saga dos Skywalkers — e a série nominal prova isso da forma mais trágica possível.

 

O Livro do Não Siga Seus Instintos

Com o retorno de Temuera Morrison para o papel-título, O Livro de Boba Fett sustenta-se inteiramente no velho. Sem apresentar nada de novo nem caminhar sozinho para frente, o original da Disney+ mostra que, desde sempre, nunca houve uma história para Fett e muito menos um interesse em criá-la. Dessa forma, Jon Favreau faz das gigantescas lacunas narrativas uma tentativa de dar aos fãs o que eles pedem há quase 50 anos.

Acredito que este é um caso que mostra que, apesar do ditado popular, o cliente quase nunca tem razão. Por mais apaixonados que o público fosse, não fazia sentido algum dar a Boba uma série para chamar de sua. Em comparação com O Mandaloriano, uma produção Favreau, fica claro que o personagem funciona muito melhor apenas como um secundário que faz uma ponta aqui e ali.

 

O Livro de Qualquer Um Que Não Seja o Fett

O que é ainda mais intrigante e descarado em O Livro de Boba Fett é como Jon deixa escancarado a insustentabilidade que o personagem de Morrison tem. E não me entenda mal. O ator faz um excelente trabalho na caracterização e condução do mandaloriano. É palpável o cansaço, a determinação e a sede de acerto de contas que Fett tem, em uma jornada que conta com a presença da igualmente talentosa Ming-Na Wen — e uma das minhas atrizes favoritas.

Porém chega a ser risível que com sete episódio, apenas quatro sejam realmente sobre Boba. Os três episódios finais sofrem uma “reviravolta” aleatória e são propositalmente roubados pela narrativa de Djinn Djarin (Pedro Pascal).

Funcionando como uma espécie de terceira temporada para O Mandaloriano, a segunda metade da produção força Fett a perder seu protagonismo para assumir um papel secundário na própria série. De supetão (mas nem tanto), Favreau simplesmente decide que o resgate do Bebê Yoda (ou Grogu, se você quiser ser estritamente técnico) é mais interessante do que qualquer coisa que Boba tenha para contar. E não ironicamente, Jon não está errado.

O Livro de Boba Fett começa em lugar nenhum e chega a lugar nenhum, prometendo absolutamente nada no presente ou para o futuro. Se você esvaziar a série dos elementos de nostalgia e o fanservice, é quase impossível se interessar por Fett como um protagonista. Ao fim de tudo, a única que sai ganhando é a Disney, que segue arrancando dinheiro do público graças à criança interior de centenas de milhares de fãs.

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