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Um verdadeiro jogo de gato e rato. Essa é uma das maneiras de definir Killing Eve, uma das melhores séries do último ano. A produção da BBC America, centrada na relação da detetive Eve Polastri (Sandra Oh) e da serial killer Villanelle (Jodie Comer), estreou sua segunda temporada no dia 7 de abril.

Entre os dois anos, não há abismo temporal: o primeiro episódio se inicia logo após o desfecho da temporada anterior. Já nos capítulos iniciais é possível perceber que as protagonistas continuam no mesmo jogo, mas adição de uma nova peça, ou melhor, uma nova assassina misteriosa, é espertamente introduzida na trama. A nova equipe, liderada por Caroline (Fiona Shawn) e composta por Eve, Jess (Nina Sosanya) e Hugo (Edward Bluemel), vai para Londres investigar os casos.

BOX: Inspirada em Villanelle, uma saga de livros de Luke Jennings, a série acumula prêmios importantes. Em 2018, Killing Eve foi indicada ao Globo de Ouro na categoria  Melhor Série Dramática e Sandra Oh levou o prêmio de Melhor Atriz em Série Dramática. Nesta edição do BAFTA, a produção levou três troféus: Atriz Coadjuvante para Fiona Shaw, Melhor Atriz para Jodie Comer e Melhor Série Dramática.

A troca de showrunner (na segunda rodada, Emerald Fennell substituiu Phoebe Waller-Bridge) é praticamente imperceptível, já que o ritmo e o excelente humor da primeira temporada se mantêm nos novos episódios. A produção consegue a proeza de retratar situações significativamente tensas com muitas pitadas de comédia sem que nenhuma delas pareça deslocada ou inadequada. A obsessão de Eve por Villanelle poderia facilmente parecer “forçada”, mas as interpretações brilhantes de Sandra Oh e Jodie Comer, em conjunto com a incrível construção de personagem da serial killer (que de fato é absurdamente sedutora), fazem a premissa funcionar.

Sandra Oh e Jodie Comer, como Eve Polastri e Villanelle

 

Outro destaque de Killing Eve é a sua direção de fotografia, que apresenta uma paleta de cores fria e harmônica. Tanto a primeira quanto à segunda temporada são ambientadas em várias locações na Europa, o que faz com que a série fuja de cenários habituais (como Nova York e Los Angeles) e explore novos cantos. A trilha sonora e o figurino também não deixam a desejar, especialmente em se tratando das roupas de Villanelle (o que dizer daquele vestido rosa icônico?).

A produção ganha também por ser atualizada com diversas discussões que estão em pauta nos dias de hoje. A forma com que Killing Eve subverte clichês machistas, dando espaço para as mulheres (especialmente Jodie Comer, Fiona Shawn e Sandra Oh) brilharem tanto que os homens de fato não passam de meros coadjuvantes na trama.

Sandra Oh e Fiona Shaw trabalham lado a lado como Eve Polastri e Carolyn Martens, responsáveis pela força tarefa que busca serial killers

Um dos melhores diálogos da segunda temporada ilustra bem a maneira que a série critica o sexismo e outros estereótipos. Eve, que é uma mulher asiática, está fazendo conjecturas sobre a mais nova serial killer investigada. “Ela consegue passar por todos sem ser notada, ou seja, provavelmente não é uma mulher branca, já que…”. Em seguida, é interrompida por Hugo, um jovem homem branco que integra a equipe de detetives: “Por que você infere isso?”. Eve responde: “Justamente porque você acabou de me interromper”.

Killing Eve ganha muito por não cair em maniqueísmos: o bem e o mal se entrelaçam e se confundem o tempo todo. Assim como Eve, o espectador provavelmente se pegará em algum momento torcendo e se divertindo com as maldades de Villanelle. E assim como a protagonista, o espectador provavelmente se sentirá um pouco culpado logo depois. Os personagens são repletos de nuances e passíveis de identificação.

Um importante personagem de “Killing Eve” é a moda, em figurinos impecáveis geralmente associados à serial killer Villanelle

Por contar com um ótimo ritmo e apresentar novidades na medida certa, a segunda temporada da série alcança o nível da primeira e permanece intrigante. Não é a toa que a BBC America já anunciou a renovação de Killing Eve para a terceira rodada. Felicidade para nós que queremos assistir mais e mais desse jogo complexo dominado por duas mulheres tão incríveis.

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