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Em seu novo álbum, "Versions Of Me", Anitta apresenta mais do mesmo e traz poucas inovações para o seu repertório.

Em seu novo álbum, “Versions Of Me”, Anitta apresenta mais do mesmo e traz poucas inovações para o seu repertório.


NNão é novidade que Anitta faz sucesso em tudo que toca. Kisses, o quarto álbum de Larissa, fez um boom ao projetar com toda força sua carreira internacional com ritmos que vão desde latino, reggaetton e claro muita brasilidade vindo do funk e até da MPB. Agora, o seu mais novo álbum de estúdio, Versions of Me, dá continuidade à linha do antecessor: mostrar como a cantora passou por diversas mudanças estéticas e reforçar o seu amadurecimento enquanto artista.

 

Versões de Mim

Envolver, em seu ritmo reggaeton e seduzente, é sem dúvida uma boa sacada para abrir o álbum. O single fez tanto sucesso que viralizou com a coreografia e colocou Anitta nas manchetes de diversos veículos de comunicação ao alcançar o topo do ranking mundial do Spotify e Youtube.

Gata, com participação de Chencho Corleone, dá continuidade ao reggaeton de sua antecessora em um ritmo quente e agitado. Mostrando o poder de Larissa enquanto mulher e seu empoderamento,  a adição de Chencho à faixa faz com que o corpo não pare de se mexer. Já I’d Rather Have Sex reflete a cara de uma artista atenta ao pop eletrônico com pitadas de Dua LipaBritney Spears e até Far East Movement. A canção abusa na sexualidade e mostra como o sexo é algo que faz parte da cantora.

Com sample de La Bamba e feat do rapper Ty Dolla $ign , Gimme Your Number traz pouca inovação para o Versions of Me e é quase um Sim ou Não. Bem infantilizada, a letra consiste apenas do cara pedindo para ser o número de um e a necessidade de pertencer a alguém. Em contra-partida, já vemos algo novo em Maria Elegante. A parceria com Afro B, um britânico super das causas sociais e negras, lança Anitta para um som mais africano com batidas eletrônicas. Vemos um inglês mais diferente da carioca, ao passo que os ritmos e a sonoridade da música são assertivos e sem dúvida é uma fácil de se repetir.

Love You volta em um tom mais ríspido e agitado com uma sonoridade mais pop raiz, me lembrando muito as músicas de Selena Gomez e Britney Spears. Aqui, é possível sentir parte de seu comportamento, que retoma I’d Rather Have Sex mostrando o seu poder de empoderamento, sedução e confiança.

Um dos grandes acertos de Versions of Me, Boys Don’t Cry faz muito uso de sintetizadores e batidas. Anitta nos transporta para uma balada digna de anos 80 em um eletro-pop para lá de empolgante, com muitas referências ao cinema e à indústria no clipe da faixa. O mais legal desta é que o produtor é Ryan Tedder, mesmo de Miley Cyrus, que adiciona instrumentais aqui são agressivos com uma pegada mais rock muito comuns à cantora norte-americana. A letra também é um ótimo ponto positivo, confrontando a masculinidade quando os homens não aceitam “perder” para as mulheres.

Versions of Me, a faixa título do álbum, também repete a batida eletrônica de suas três antecessoras, com muito uso de sintetizadores quase como uma Lady Gaga e versos que me lembram muito Bad Romance. A letra mostra que aquela Menina Má ainda esta ali e que também consegue ser Zen. O que cansa é sua repetição em falar de todas as suas versões.

Turn it Up faz um pop latino  mais leve com dedilhados de violão apostando em um R&B. A música é gostosa de se ouvir mas não passa disso. Já Ur Baby retorna para a balada com um clima de sedução e sexo, usando a linguagem corporal a seu favor. Acho que o Khalid é usado em uma maneira muito aleatória, apesar do seu estilo de música ser bem parecido. Esta é uma das canções do Versions of Me que não consigo me conectar e me importar pelo o que está sendo cantando.

Outro grande acerto é  a versão moderna da Garota de Ipanema. Girl From Rio é ousada em mostrar que existe uma Ipanema que agora pode e deve ser aceito por outros da comunidade. A Bossa Nova com traços de rap de Anitta funciona – e muito.

Faking Love, por sua vez, volta para um funk com traços de trap. A música, que traz a participação de Sawettie, é um ótimo single de letra criativa. Ao criticar o falso amor, ela traz desde a questão do corpo e sexo até o fator de não estar apaixonado e de o amor se acabar.

Única música com o uso de português, Que Rabão talvez seja a música mais desnecessária do Versions of Me. Apesar de trazer o funk, falta brilho e não chega perto do que Anitta já construiu em outras parcerias como Vai Malandra,Bola, Rebola e até Onda Diferente. Sem contar que ressuscitaram o Mr Catra para ser apenas um efeito em poucos versos e na aposta de uma mesmice de bunda, safadeza, sexo, orgia e sedução. Embora esta seja sua moeda de venda e troca, com ela assumindo isso, Que Rabão poderia ir além da putaria e também falar de assuntos mais relevantes de forma leve e divertida. Algo diferente, para variar.

Na reta final, Me Gusta é uma ótima faixa que reforça o ritmo latino com romantismo e emponderamento. O mais legal é a força de Cardi B e Anitta, que conseguem ser cômicas, alegres e divertidas. Por mim, Love Me, Love Me é um encerramento mediano para um começo agitado. Ao escutar, me sinto quase em uma praia no Havaí com os solos de guitarras e batidas. Porém é um fechamento ok, com pouca criatividade tanto na letra quanto nos arranjos.

 

Kisses 2

O balanço positivo fica em grande parte aos singles que foram bem lançados e divulgados, salvo algumas exceções como Love You e Versions of Me. Já o lado negativo é que acho esse álbum bem inferior ao Kisses. Apesar de tentar inovar na fórmula, a impressão que fica é que Versions of Me é um Kisses Pt.2 – talvez se fosse um álbum audiovisual, as outras músicas talvez conseguiram conquistar mais.

Versions of Me no geral vai ficar marcado pela forma que Anitta chegou no mercado internacional com todo o seu esforço.

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