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Na falta de unidade, "Oráculo" fica preso entre a videoinstalação e o exercício experimental de provocação sensorial.

É evidente que Oráculo, longa-metragem de Melissa Dullius e Gustavo Jahn, seja o resultado do interesse de dois realizadores pela experimentação. De carreira longeva no cinema experimental, a dupla de cineastas propõe aqui um distanciamento de uma narrativa linear e foca seu interesse na relação entre espaço, tempo e corporalidade como ferramentas de uma experiência frustrante de evocação sentimental.

No decorrer dos 61 minutos de projeção, acompanhamos seis planos sequências protagonizados por três figuras diferentes. Pouco narrativo e muito contemplativo, Oráculo coloca o espectador em uma posição de observador que varia entre a passividade da contemplação e a inquietação da produção de sentido perante o que é visto.

Alternando as ambientações entre paisagens de beleza natural com construções urbanas e o próprio quarto de uma jovem, o filme abraça uma experimentação pautada na relação sensorial entre personagens, obra e espectador. Dos sons diegéticos e naturais realçados (as ondas do mar quebrando nos rochedos e no movimento de vai e vem na areia; a música da jovem como processo de auto escuta; o vento que sopra no ouvido do homem ao caminhar) junto da estagnação da câmera que observa passivamente aos diferentes movimentos de corpos presentes em tela.

Assim, Oráculo acaba como um pouco perdido pela falta de unidade entre as seis sequências que apresenta, soando mais como uma videoinstalação montada em um só longa do necessariamente um experimento cinematográfico arrojado.

Mesmo com momentos interessantes em que provoca o espectador a assumir essa posição de agente – seja observador ou demarcador de sentido – para o que se apresenta, a falta de unidade de Melissa Dullius e Gustavo Jahn na execução da experimentação narrativa transforma Oráculo em um exercício de conceito forte que se mantém no plano das ideias.


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