fbpx
"Friends: The Reunion" consegue emocionar e trazer lembranças de um glorioso passado, mesmo em seu formato confuso e desconexo.

“Friends: A Reunião” consegue emocionar e trazer lembranças de um glorioso passado, mesmo em seu formato confuso e desconexo.


Se você parar para pensar, não existem muitas séries de adoração global. Uma produção que as pessoas conheçam não porque elas ouvem falar em todos os lugares, mas porque elas a assistem de forma religiosa semanalmente. Friends é parte desse seleto grupo.

A história sobre seis amigos vivendo na cidade de Nova York entre as décadas de 1990 e 2000 varreu o coração do mundo, se tornando uma das séries mais populares da tv estadunidense e mundial. Algumas dezenas de prêmios, bilhões streaming e muito centenas de milhões de dólares em sindicação são a prova da popularidade da série, que durou 236 episódios divididos em 10 temporadas.

Tendo marcado gerações durante e depois, não é de se espantar a demanda constante de um retorno de Friends — principalmente considerando a atual era nostálgica em Hollywood. Porém, quase 20 anos após o fim do seriado, os criadores (e o próprio elenco) sempre demonstraram relutância em um retorno, até porque, na visão deles, não há história para ser contada. Mas situações vieram, o HBO Max nasceu e o público finalmente pôde aproveitar a versão revival preparada para os seis amigos.

 

A Reunião

Friends: A Reunião não perde tempo para atacar o emocional. A primeira cena do híbrido audiovisual é um retorno do elenco ao galpão de Friends, com direito a um detalhe surpresa: a réplica do ambiente de gravação, com o palco montado com todos os cinco cenários principais do programa (o quarto de Joey, o apartamento de Joey+Chandler, o corredor entre os apartamentos, o apartamento de Mônica, e o Central Perk). A cereja do bolo é o remix da icônica abertura, com adição dos momentos que o público verá ao longo das quase duas horas de reunião documentada.

 

Juntos, Mas Nem Tanto

É preciso abrir o primeiro grande parênteses aqui. The Reunion é um Frankenstein audiovisual: algumas horas é um documentário, algumas horas é um talk-show, algumas horas é um Por-Trás-das-Câmeras, e algumas horas é um confessionário com celebridades e fãs. É tudo muito estranho, trazendo um certo desconforto e falta de naturalidade para o tão aguardado retorno.

Nesse quesito, a parte talk-show mediada por James Corden, é praticamente uma aglomeração desnecessária de pessoas. O segmento não traz absolutamente nada de novo e não introduz nenhuma narrativa interessante (é só um momento pra eles falarem “sim, isso que eu acabei de falar é verdade”). A única parte realmente diferente fica por conta do brevíssimo desfile da “moda” de Friends, que nem é tão desfile assim já temos apenas cinco roupas em exibição.

O confessionário, por sua vez, não é tão desnecessário, mas também não se faz tão especial assim. Celebridades como Kim Namjoon, o RM do BTS, Mindy Kaling, David Beckham, Reese Whiterspoon e Lady Gaga dão breves depoimentos sobre suas relações com Friends, mas suas participações são tão rápidas que parecem que eles estão ali apenas para servirem de ponte pra a construção narrativa já pré-estabelecida pela produção. E o mesmo se estende para o retorno de alguns personagens conhecidos da série, como Richard (Tom Selleck) e Janice (Maggie Wheeler).

A parte mais legal fica por conta de fãs globais, que contam o impacto que Friends teve em suas vidas pessoais. A parte curiosa fica por conta de que a grande parte desses fãs selecionados para o confessionário são negros, estrangeiros e/ou LGBTQIAP+, embora a audiência do programa (e o próprio elenco da série) seja notoriamente composta por uma maioria branca (e hétero?). A escolha de mostrar que a famosa sitcom não se limita a apenas uma cor de pele ou orientação sexual fica estupidamente clara, o que talvez possa parecer um pouco forçado do lado da produção.

 

Juntos de Verdade

Com esses parênteses fechados, é preciso dizer que Friends: A Reunião acerta em todo o resto. O reencontro, as conversas, a leitura de roteiros, as curiosidades sobre a produção, como o show nasceu, o processo de seleção do elenco, as entrevistas com os criadores. Tudo isso traz uma harmonia diferente para o programa, e encaixa muito melhor na proposta do documentário. A emoção é completamente outra, e é muito mais fácil sentir a nostalgia fluir durante essas partes.

Ver Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matthew Perry, Matt LeBlanc e David Schwimmer de volta à sala de estar do apartamento da Mônica, jogando o joguinho de perguntas e respostas do episódio Aquele com os Embriões (4×12) e relembrando os momentos que passaram juntos gravando é o motivo pelo o qual o público está realmente sintonizado. É a verdadeira causa daquela lágrima no olho, a onda de calor pelo corpo e o arrepio nos pelinhos no braço.

A razão pela qual Friends foi e continua sendo uma das melhores sitcons do mundo – independente de qualquer releitura contemporânea que o público queira fazer – é a sinergia familiar que os seis amigos, reunidos sozinhos, trazem para a tela.

Compartilhe

Twitter
Facebook
WhatsApp
Telegram
LinkedIn
Pocket
relacionados

outras matérias da revista

Back To Top