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Perola Navarro é uma artista plástica brasileira, atualmente tentando sucesso e ascessão no cenário artístico dos Estados Unidos.

Perola Navarro é uma artista plástica brasileira, atualmente tentando sucesso e ascessão no cenário artístico dos Estados Unidos.


EEm uma pequena cidade do interior de São Paulo, chamada Caraguatatuba, nasceu Perola Navarro. Diferente da maioria das crianças, Perola tinha um sonho tão especial quanto seu nome: não queria ser médica, nem bailarina, nem astronauta, queria ser artista.

Decidida e batalhadora, a menina cresceu entre lápis e tintas e viu na arte uma forma pura e genuína de expressão, que permite que ela seja quem realmente é. Hoje, Perola tem 22 anos e tenta ganhar seu espaço no mercado norte-americano, após ter optado pela independência e ido morar em Los Angeles, na Califórnia.

Segundo Navarro, o interesse pela arte começou mesmo bem cedo. “Meu primeiro contato com desenho e pintura aconteceu na minha infância, minha avó montou uma brinquedoteca para os netos passarem o dia na casa dela e eu passava o tempo pintando e desenhando”, conta. Na arte ela cresceu e se desenvolveu.

Foto do estúdio fotográfico Life Photos NY

Há quase um século atrás, uma célebre artista francesa conhecida como Louise Bourgeois afirmava que “ela não era o que era, ela era o que fazia com suas mãos”. A frase parece fazer muito sentido quando Perola descreve seu processo de criação e a fonte de sua criatividade.

“Para mim, fazer arte é permitir-se se perder dentro de si. Meu processo é basicamente ignorar qualquer barreira ou crença que minha cabeça venha a impor durante a criação, ignorar qualquer racionalização e permitir que os sentimentos venham à tona da forma mais pura possível.

Normalmente (a inspiração) vem de dentro para fora, costuma ser bastante visceral e necessário. Se eu não pinto me sinto emocionalmente drenada ou até mesmo não sinto nada, é como se eu precisasse pintar para entender e sentir claramente o que está realmente acontecendo dentro de mim e, sempre no final da pintura, consigo “ler” tudo o que estava se passando na minha cabeça, todas as confusões se tornam bem simples. É como organizar uma casa bagunçada

Se eu não consigo tirar de dentro para fora, procuro por meios externos de me expressar. Se quero pintar, mas não estou inspirada, começo a arrumar meu ateliê ou olhar trabalhos de outros artistas que me inspiram”.

 

Das Telas Para o Mercado

Ao falar de seus estilos de pintura e do mercado de trabalho, Perola conta que usar a arte para se expressar é algo que faz parte de quem ela é. Talvez seja por essa naturalidade que ela não restrinja a uma única forma de arte e trabalha com colagens, retratos, pinturas realistas e com abstratas, sendo essa a sua preferida.

É com esse último estilo que a artista conquistou seis exposições em Los Angeles e Nova Iorque ao longo desse ano. Já seus retratos em aquarela são seu ganha pão, e são essas encomendas que ajudam na hora de pagar as contas lá fora. “Tanto as colagens quanto as pinturas surrealistas são estilos que me distraio muito fazendo, mas não considero necessariamente sérios na minha carreira”, completa.

A jovem está há dois anos oficialmente no mercado e antes de se mudar para a Califórnia estudou dois anos de artes visuais em São Paulo, curso que ainda pretende retomar. Perola Navarro nunca teve medo de se expressar com tinta e também nunca se intimidou em mostrar seu trabalho para o mundo, e foi apresentando, aos poucos, sua arte que ela nem viu quando já estava criando carreira.

Sempre compartilhei meu trabalho (antes mesmo de ser trabalho) nas redes sociais e quando notei estava recebendo pedidos, então comecei a pintar por encomenda e agora me sustento com isso. Meus pais ficam muito preocupados exatamente pelo estigma de que arte não é uma profissão séria e bem paga, mas se você souber abraçar as oportunidades certas, fazer contato com quem realmente importa e não ter vergonha de mostrar sua arte, chances são que as coisas comecem a dar certo”, ressalta.

 

A Trilha Para Los Angeles

Quando questionada sobre a decisão de ter ido morar nos Estados Unidos, Perola Navarro conta que sua ideia inicial era ir para o Canadá, mas após não ter ingressado em institutos canadenses, começou a procurar em Nova Iorque. Desde então, seu sonho se tornou estudar na School of Visual Arts (SVA), uma renomada escola de artes norte-americana.

Infelizmente, um grave episódio de depressão a impediu de correr atrás dessa jornada e novamente ela mudou seus planos. Dessa vez, Perola optou em comprar uma passagem só de ida e viajar com a cabeça aberta para conhecer a arte fora do Brasil.

Acrilica com spray sobre tela

“Vendi todas as minhas coisas e juntei dinheiro, pedi dinheiro para minha família e todo mundo ajudou como podia, fui pra Los Angeles, onde minha irmã poderia me hospedar. Minha depressão piorou e comecei a desenvolver insônia, além das crises de ansiedade e dissociação ficarem mais intensas e frequentes, até que conheci meu namorado (que é músico) e ele começou a me dar suporte emocional. Então acabei ficando em Los Angeles, onde assinei contratos com marcas e galerias e consegui muitas oportunidades com feiras artísticas e empresários”.

“Terra de quem é livre e lar de quem é corajoso” – em seu hino, os Estados Unidos apresentam essa frase que reforça muito como o país é visto por quem chega de fora e se torna real no cotidiano de Perola Navarro: imigrante, latina, mulher e artista.

Como em todo mercado de trabalho, no mundo da arte também existem dificuldades, especialmente para quem preenche os requisitos acima, e a jovem conta como é essa experiência. “Por mais sério que eu leve meu trabalho, ainda percebo que as pessoas aqui tratam como brincadeira ou como algo amador. Parece que preciso provar o tempo todo a minha visão e que tudo que faço precisa ser absolutamente perfeito para conseguir um “That’s actually pretty good” (“até que isso é bom mesmo”) enquanto os americanos conseguem ótimas reações e oportunidades. Parei de me preocupar com isso e comecei a usar como algo ao meu favor. Por onde exponho deixo claro que sou latina, jovem e venho de um país de terceiro mundo e que minha arte é tudo o que tenho a oferecer porque é ela que me mantém viva”.

Ao longo desse ano, Perola já participou de duas exposições em solo norte-americano. Uma no Consulado Brasileiro de Los Angeles e outra na galeria Saphira & Ventura em Nova Iorque. Ela conta que conseguiu essas participações por intermédio de seu amigo e agente, Gabriel Hamsi.

O mundo das artes aqui oferece oportunidades gigantescas da forma mais simples, porém, da mesma forma que essas oportunidades podem te levar a lugares estratosféricos, elas também podem te engolir vivo. É como um jogo onde você deve escolher cuidadosamente quais oportunidades abraçar e quais contatos fazer, tem muitas pegadinhas por aqui”, comenta.

Perola Navarro também explica um pouco de como é a recepção do público americano com a arte e as diferenças em relação ao público brasileiro. Segundo ela, nos Estados Unidos existe uma seriedade maior no mercado artístico, já que a arte lá é mais incentivada e tem mais espaço na cultura nacional do que no Brasil.

Se o americano não se identifica com o seu trabalho pelo motivo que for, ele apenas ignora e segue o trabalho dos artistas com os quais ele se identifica. É muito raro receber um comentário negativo apenas por querer te diminuir ou humilhar, o que infelizmente é muito comum de ouvir do brasileiro” diz.

Perola ainda está no começo de sua carreira, e os planos para o futuro são muitos, mas o mais importante parece ser estar em constante produção, seja qual for a forma e qual for o público. Com isso em mente, a pintora expõe seu ponto de vista sobre a importância da arte para a vida.

“Na minha vida arte é absolutamente necessário pois é através das pinturas que consigo controlar os danos mentais caudados por meus transtornos psicológicos. Atualmente estou trabalhando em uma série de pinturas abstratas que mostram os principais efeitos do Borderline em mim”, ela declara.

“Absolutamente tudo o que vemos tem teor artístico e, se você souber aproveitar isso, consegue transformar em arte. Meu movimento favorito da arte para sociedade é a intervenção política, é algo que realmente me toca e me admira”, finaliza Perola Navarro.


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