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Com 75 anos de história, a Mulher-Maravilha é o Especial que faz a trajetória da personagem desde sua criação até o primeiro filme solo.

Com 75 anos de história, o Especial traz a trajetória da personagem desde sua criação até o primeiro filme solo.


Nota do Colab: este Especial foi escrito com colaborações de João Dicker e Stephanie Torres.

 

AA Mulher-Maravilha é uma das personagens (e super-heroínas) femininas mais importante e conhecida de todos os tempos. Criada em 1941, a super da DC Comics completou 75 anos de existência em dezembro de 2016, no mesmo ano em que ganha a sua primeira adaptação cinematográfica.

 

O Mundo da Mulher-Maravilha

Ao longo de toda sua história, a essência de uma das personagens mais icônicas dos quadrinhos foi transformada, traída, transgredida, refeita e edificada ao longo das mais variadas representações – seja nos quadrinhos, na televisão, nas animações, nos games, e, agora, no cinema. E independente de qualquer afirmação histórica ou de juízos de valor, a personagem já nasceu com um contexto mais interessante do que seus colegas de editora, sendo um reflexo direto da história de vida de seu criador e do mundo em que ele estava inserido.

 

A Frente de Seu Tempo

Criada pelo psicólogo e suposto inventor do polígrafo William Moulton Marston, a Mulher-Maravilha chegou aos quadrinhos em uma época onde a grande maioria dos heróis protagonistas das HQs eram homens. Na DC, reinavam o BatmanSuperman, enquanto o Capitão América e Tocha Humana eram um dos grandes trunfos da Marvel (então Timely Comics).

A primeira edição de "Mulher-Maravilha"
A primeira edição de “Mulher-Maravilha”

Inicialmente, Marston trabalhava como psicólogo consultor da DC Comics, ajudando Max Gaines e Sheldon Mayer nas decisões editoriais que agradassem o público mais adulto. Naquele período, os quadrinhos de super-heróis receberam árduas críticas devido a violência existente em seus desenhos e suas narrativas, sempre entrelaçadas ao combate nazista.

Assim, Marston conseguiu convencer Gaines e Mayer de que a solução para aliviar o tom das histórias contadas nos gibis era a criação de uma super-heroína. Para ele, era necessária a existência de uma personagem que vencesse os seus adversários não somente por meio da força física e de superpoderes, mas também explorando do amor e da humanidade interior.

O psicólogo era uma figura folclórica a parte e com pensamentos muito a frente de seu tempo, vivendo com duas mulheres: sua esposa, Elizabeth Holloway Marston, e uma ex-aluna da época de professor, Olive Byrne. A vida dentro daquela casa não poderia ser mais plural e aberta, com Marston tendo filhos com ambas as mulheres – que tinham envolvimento direto no Movimento SufragistaMovimento pelo Controle da Natalidade da época.

Apaixonado por mulheres guerreiras e empoderadas, o escritor se inspirou na luta do que chamava “as novas mulheres”: aquelas libertas, fortalecidas e independentes, que, de acordo com o autor, “foram responsáveis pelo crescimento do poder feminino“.

Em fevereiro de 1941, Marston entregou um roteiro datilografado à Mayer, intitulado “Suprema, a Mulher-Maravilha”. Depois de ler à narrativa, e mesmo que discordando de algumas representações feitas pelo escritor ou de sua origem extremamente fantasiosa, o editor bateu o martelado permitindo a publicação da revista com uma única alteração: ele cortaria o “Suprema”, chamando a personagem apenas de Mulher-Maravilha.

Assim, os meses seguintes foram de inúmeras conversas, esboços e tentativas de colocar no papel todo o imaginário da personagem que Marston havia apresentado. O autor manteve pulso firme em suas exigências de que a heroína conservasse o “significado-subjacente de um grande movimento que estava em curso, o da escalada do poder feminino”. Por isso, exigia que toda essa representação estivesse presente na maneira de se portar, na constituição física, nas vestes e nos poderes de Diana.

 

Apresentando a Mulher-Maravilha

Com uma história que envolvia origens na mitologia grega, a personagem foi apresentada ao público em All Star Comics nº 8, no outono de 1941. Estabelecendo a personagem como uma guerreira amazona que vivia em uma ilha paradisíaca afastada do mundo violento e podre dos Homens, Diana era filha de Hipólita, a rainha das Amazonas.

A “fantastic 1st issue” da Mulher-Maravilha, lançada em fevereiro de 1987

A paz existente na ilha é interrompida quando o capitão Steve Trevor acidentalmente cai de avião na terra das guerreiras, trazendo a notícia de que uma guerra alastrava o mundo humano. Em uma missão de salvação para ajudar os combatentes americanos, Hipólita decreta que a vencedora de um torneio de lutas seria a Amazona escolhida a adentrar a guerra e colocar um fim a destruição e violência do Homem. Com Diana consagrada como a campeã, sua mãe lhe costura um uniforme vermelho, azul e branco como um presente de despedida.

A partir de então, Marston passa a descrever a personagem como modelo do poder feminino e um ícone da ideologia feminista que buscava a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Entretanto, as investidas ideológicas do autor por meio dos quadrinhos acabaram não sendo tão efetivas uma vez que, em 1942, a personagem adentrou na Sociedade da Justiça – então formada somente por personagens masculinos – na edição de All Star Comics nº11. O problema é que o triunfo que deveria representá-la foi transformado em uma decisão editorial medonha: Diana havia sido nomeada a secretária da equipe.

Roteirizada por Gardner Fox, e não por Marston, a passagem da personagem na Sociedade da Justiça rendeu episódios tristes para a heroína. O criador de Diana passou meses brigando com os editores para que eles compreendessem a necessidade de continuidade na representação do movimento feminista em sua Era Progressista. Depois de muita reclamação, Marston conseguiu permissão para reescrever os roteiros, criando subtramas em que a mesma convocava boicotes, comícios e greves como Diana (civil), enquanto salvava o mundo sendo a Mulher-Maravilha.

Nos seus momentos iniciais, as Amazonas celebram o fato de Diana provar que "mulheres espertas podem conquistar os homens mais fortes". Em uma conversa com Steve, que está querendo casar com ela, a Mulher-Maravilha pronuncia: "Se eu casasse com você, Steve, eu teria que fingir ser mais fraca, afim de fazê-lo feliz - e isso nenhuma mulher deve fazer!"
Nos seus momentos iniciais, as Amazonas celebram o fato de Diana provar que “mulheres espertas podem conquistar os homens mais fortes”. Em uma conversa com Steve, que está querendo casar com ela, a Mulher-Maravilha pronuncia: “Se eu casasse com você, Steve, eu teria que fingir ser mais fraca, afim de fazê-lo feliz – e isso nenhuma mulher deve fazer!”

As representações da personagem como uma mulher e uma heroína destemida, forte e socialmente ativa perduraram até o final da década de 40, quando, em 1947, William Moulton Marston faleceu. A partir de então, a DC Comics acabou repaginando a heroína mais famosa de todos os tempos, tentando adequá-la as regras que foram impostas com o Comics Code Authority.

 

Era de Prata

A Era de Prata é um período que compreende as histórias em quadrinhos lançadas entre os anos 50 até meados dos anos 70, onde todos os personagens sofrem diversas modificações. O Comics Code Authority, um código de conduta estipulado nos Estados Unidos, visava controlar e censurar o conteúdo publicado nas HQs, uma vez que as críticas afirmavam que a violência, o vocabulário e o sexo presente as histórias tornavam os quadrinhos produtos que contribuíam para a delinquência juvenil.

Capa da edição #269. Nas falas de Diana, lê-se: "Eu tive o meu limite do malvado Mundo dos Homens. E desde agora, eu me demito!"
Capa da edição #269. Nas falas de Diana, lê-se: “Eu tive o meu limite do malvado Mundo dos Homens. E desde agora, eu me demito!”

O código foi responsável por revitalizar o mercado, já que os quadrinhos que trabalhavam temáticas mais pulp, como as histórias de terror, as ficções científicas e as narrativas de gangster, foram as que mais sofreram repressão. Com isso, os gibis de super heróis passaram a dominar o mercado mainstream ao mesmo tempo que eram obrigados a se adequarem editorialmente às mudanças impostas.

Essas exigências desagradaram muitos fãs da época. O motivo principal era a decepção de ver personagens que sempre existiram em ambientações soturnas e temáticas mais violentas e maduras, como o Batman, serem transformados em heróis mais caricatos e infantis.

Mulher-Maravilha da Era de Prata passou a conter enredos mais românticos e sensíveis, desconstruindo um pouco da imagem de guerreira amazona libertadora e engajada socialmente. Com isso, a indústria de quadrinhos caminhou para um período em que os avanços tecnológicos e o advento da televisão reduziram drasticamente o número de vendas de gibis, fazendo com que as gigantes empresas do ramo enfrentassem uma crise financeira profunda.

A partir das novas possibilidades narrativas proporcionadas pela TV, as editoras passaram a considerar a realização de produtos audiovisuais que dessem vida a seus personagens consagrados nos quadrinhos. O Super-Homem, por exemplo, chegou às telas norte-americanas na série As Aventuras do Superman, ficando no ar entre 1952 e 1958. Batman estrearia em 1966 e perduraria até 1968. Com isso, o momento para uma adaptação das aventuras de Diana estava chegando, criando a expectativa para uma série de TV que trouxesse vida a Mulher-Maravilha.

 

Maravilha na TV

O ano de 1975 foi um importante marco para a Diana. No dia 7 de novembro, o canal norte-americano ABC estreava o primeiro capítulo da série Wonder Woman. A produção televisiva, estrelada por Lynda Carter, foi a terceira tentativa em transpor a personagem para a televisão.

Trajando o icônico uniforme, "Wonder Woman" estreou na televisão em 1975
Trajando o icônico uniforme, “Wonder Woman” estreou na televisão em 1975

No enredo do primeiro episódio da série, um telefilme de duas horas, estamos em 1942. Durante a Segunda Guerra Mundial, o piloto Steve Trevor (Lyle Waggoner) sofre um acidente aéreo e cai na Ilha do Paraíso, localizada no Triângulo das Bermudas, sendo encontrado por Diana (Lynda Carter). Quando Trevor pede ajuda para salvar o Mundo dos Homens, a Rainha Hipólita (Cloris Leachman) cria um torneio grego afim de selecionar uma Amazona para a viagem, proibindo sua filha, a Princesa Diana, de participar do evento. Disfarçada, Diana ganha o direito de partir com Steve, recebendo de sua mãe o icônico traje, assim como todos os seus apetrechos – o bracelete, a tiara e o Laço da Verdade.

Viajando no Jato Invisível, Diana deixa Steve em um hospital de Washington, capital dos Estados Unidos, logo se deparando com um roubo. Vestindo o uniforme de Mulher-Maravilha na hora do resgate, Diana fica famosa, passando a usar o alter ego de Diana Prince, secretária de Steve Trevor, para andar entre os humanos sem ser reconhecida.

Com a polvorosa dos nazistas, a maior parte dos vilões apresentados na primeira temporada são agentes duplos ou generais da Alemanha Nazista. A série também é responsável pela icônica transformação de Diana em Mulher-Maravilha, onde Lynda Carter rodopia e suas roupas de civis são transformadas em seu uniforme.

Lynda Carter deu vida a Diana ao longo das três temporadas da série
Lynda Carter deu vida a Diana ao longo das três temporadas da série

Embora os treze primeiros episódios de Wonder Woman tenham alcançado clamor do público e sólidos números de audiência, a produção foi cancelada pela ABC. Tendo em vista que sua narrativa era de época, passando-se na Segunda Guerra Mundial, o canal via que isso acabava limitando a sua história, além de ser demasiada cara para produzir. Insatisfeito, Jerry Lieder, o então presidente da Warner Bros. Television, acertou com a concorrente CBS para renovar a série para uma segunda temporada, levando Diana para os anos de 1970.

O segundo ano do programa estreou com grandes mudanças criativas. Não só Diana estava nos “dias atuais” após passar 35 anos na Ilha do Paraíso, mas ela também adotava um novo cargo (uma agente do governo) e, para o choque dos fãs, Steve Trevor estava morto. O motivo da morte do personagem nunca chegou a ser revelada, mas o ator responsável por sua personificação permaneceu na série: na repaginação, ele seria Steve Trevor Jr., filho único de Steve Trevor.

Na CBS e com uma temporada de 22 episódios, Wonder Woman passou a ter uma influência das séries policiais, que começavam a fazer enorme sucesso no canal. E como consequência do Código Hays, uma sequência de regras de censura para produções audiovisuais estabelecida em 1930, a produção deu continuidade com a política de “sem matar” da Mulher-Maravilha.

A série, no entanto, durou apenas até a terceira temporada, quando foi cancelada de forma definitiva. Embora o seriado tenha sofrido uma segunda grande modificação no início do terceiro ano, afim de estabelecer uma linguagem mais jovem (uma pegada disco e Diana realocada para Los Angeles), a série não conseguiu segurar a audiência, encerrando sua exibição com um final em aberto. Wonder Woman então foi substituída por O Incrível Hulk, e Lynda Carter seguiu em carreira musical.

 

Antes do Estrelato

Antes de Wonder Woman, houveram duas tentativas de levar Diana para as telinhas. A primeira, em 1967, aproveitava do gigantesco sucesso da série de TV Batman, estrelado pelo falecido Adam West. O produtor do programa, William Dozer, encomendou um script para o piloto, que acabou sendo reescrito por Stanley Ralph Ross, também envolvido com Batman.

Intitulada, em tradução literal, como Mulher-Maravilha: Quem Está com Medo de Diana Prince?, a série nunca chegou a ser produzida. Em um vídeo curto do piloto, feito para ser apresentado como teste, vemos duas atrizes fazendo o papel de Mulher-Maravilha: uma como a heroína, e outra como o seu alter ego Diana Prince. Esta última era interpretada por Linda Harrison, que pouco tempo depois incorporaria a personagem Nova, nos dois primeiros filmes da franquia Planeta dos Macacos.

Na porção do vídeo, divulgado na internet como um easter egg da carreira de Linda, a dona de casa Hipólita (Maudie Prickett) diz se sentir envergonhada por Diana não estar casada (“A vizinhança toda está comentando!“). Após o sermão, quando a personagem se transforma na heroína Mulher-Maravilha, Diana passa vários segundos em frente ao espelho, se exibindo, enquanto uma voz narra: “Mulher-Maravilha, que sabe que tem a força de Hércules, que sabe que tem a inteligência de Atenas, que sabe ter a velocidade de Mercúrio, e que acha que tem a beleza de Afrodite“.

https://www.youtube.com/watch?v=VWiiXs2uU1k

A segunda tentativa, no entanto, conseguiu ser exibida na televisão. Inicialmente imaginada para ser uma série, a ABC produziu um filme para a TV chamado Wonder Woman, exibido em 1974. A ideia seria exibir o piloto para ver a resposta do público.

Ideia sábia, uma vez que a produção foi um fiasco. Interpretada por Cathy Lee Crosby, a Mulher-Maravilha não usava o uniforme icônico da sua personagem, dando lugar a uma espécie de vestido-austronauta-futurístico sobre uma legging. Não suficiente, Diana ainda era loira e não possuía nenhuma habilidade super-humana, andando por aí com uma vara de atletismo como a sua arma.

Com a audiência não maravilhosa, a ABC repensou o formato, estreando no ano seguinte o que veio a ser a série Wonder Woman, estrelada por Lynda Carter. O telefilme de Cathy está hoje disponivel na loja online da Warner Bros. para compra.

 

Aventuras do Superboy

Quando Smallville – As Aventuras do Superboy estreou na grade da The WB e começou a montar a sua própria versão da Liga da Justiça, Diana era uma das personagens cotadas para fazer aparição em Pequenópolis. Procurando unir-se aos personagens já estabelecidos pela série, como Oliver Queen/Arqueiro Verde (Justin Hartley) e Arthur “AC” Curry/Aquaman (Alan Ritchson), a Mulher-Maravilha acabou tendo a sua visita a Clark Kent (Tom Welling) cancelada.

A desistência da aparição de Diana em Smallville foi um consequência do projeto de Joss Whedon, que na época estava tentando produzir o primeiro filme com a heroína. Devido a embargo da personagem, a produção de Smallville teve que se contentar em apenas fazer uma menção de existência. Em um episódio da última temporada da série, Chloe Sullivan (Allison Mack), melhor amiga de Clark, conta que se deparou com uma “mulher maravilhosa durante suas buscas por outros seres poderosos.

Ainda que Smallville não tenha tido Diana Prince, a série contou com uma breve participação de Lynda Carter. Na sexta temporada, a atriz fez uma participação como a mãe de Chloe.

 

Ela é um Avião

Em 2005, o diretor Joss Whedon, responsável por Os Vingadores (2012), escreveu um roteiro para um filme estrelado pela Mulher-Maravilha. O projeto, que também seria dirigido por Whedon, levou alguns anos para ser finalizado e nunca chegou a ser produzido, levando o diretor a ir buscar emprego na Marvel.

Pôster fanmade do filme de Whedon, baseado em um rascunho do filme feito a mão
Pôster fanmade do filme de Whedon, baseado em um rascunho do filme feito a mão

A ideia inicial era mostrar Diana nos tempos modernos e contar um pouco de sua origem. Com o script reprovado, o filme foi engavetado. Porém, 11 anos depois, em junho de 2017, o roteiro vazou na internet, causando revolta entre os fãs.

Whedon, que também é responsável pelas cultuadas séries Buffy, a Caça-Vampiros (1996–2003) e Firefly (2002–2003), havia escrito uma história bastante polêmica para a personagem. Diana seria constantemente objetificada pelo sexo masculino, sendo até mesmo chamada de “vadia”. Steve Trevor, por sua vez, teria uma moral duvidosa e um grande rancor para com Diana. Ainda, os créditos iniciais estabelecem que as Amazonas haviam sido dizimadas do mundo após serem acorrentadas e escravizadas por Ares, o Deus da Guerra.

A polêmica ressoou até mesmo em Patty Jenkins, responsável pela direção de Mulher-Maravilha (2017). A diretora comentou que “não há sentido algum em comparar o que foi feito agora com o que poderia ter sido feito anteriormente“, referindo-se ao script de Joss.

 

Quase Liga Da Justiça

Um ano após a Marvel Studios dar o pontapé em seu próprio Universo Extendido Cinematográfico,a DC deu início à produção de Justice League Mortal. O filme seria dirigido por George Miller, responsável pela franquia Mad Max, e traria, pela primeira vez na história, toda a Liga da Justiça reunida.

De todas as produções da DC que acabaram sendo canceladas, este foi o filme que chegou mais perto de ser filmado, tendo reunido todo o seu elenco para uma foto pouco tempo antes do início das filmagens. A película contava com D. J. Cotrona como o Super-Homem, Armie Hammer como Batman, Adam Brody como o Flash, Common como o Lanterna Verde, Santiago Cabrera como Aquaman e Hugh Keays-Byrne como O Caçador Marciano, Ajax. A Mulher-Maravilha ficaria a encargo da atriz Megan Gale.

Mesmo não chegando a ser filmado, Megan Gale fez o teste de roupa para a Mulher-Maravilha de "Justice League Mortal"

Para Justice League Mortal, a Warner Bros. queria que a película fosse toda filmada através do processo de captura de movimentos, que resultou no bem recebido Beowulf (2007), gerando um orçamento de US$ 200 milhões. Enquanto isso, a história seria envolta na fúria de Batman com os meta-humanos, levando-o a construir um exército de robôs para assumirem o lugar dos membros da Liga da Justiça. Seu plano dá errado e ele acaba criando em uma Legião do Mal de Inteligências Artificias, precisando da ajuda da Liga para detê-los.

Com a Greve dos Roteiristas em 2008, a Warner precisou dar uma pausa na produção, vendo que o roteiro precisava ser aperfeiçoada e a greve não permitia nenhum trabalho. Com o seu fim, a Warner retornou a produção, que agora ia para o Canadá.

O longa, no entanto, foi cancelado logo depois. Um documentário sobre a turbulenta produção do filme, com filmagens exclusivas da pré-produção e todas as artes conceituais usadas para projetar o filme, foi anunciado para 2016, mas nunca chegou a ser lançado.

 

De Volta à TV?

Sem ver a luz do dia desde o fim de Wonder Woman, em 1975, a Mulher-Maravilha continuou sem sorte. Agora no século 21, dois novos projetos prometiam dar nova vida para a heroína.

Com Adrianne Palicki, a Diana de "Wonder Woman" possuía três alter-egos
Com Adrianne Palicki, a Diana de “Wonder Woman” possuía três alter-egos

A primeira foi Wonder Woman, que após ser rejeitada pelas maiores redes de canais, foi selecionada pela NBC para ganhar um episódio-teste. Estrelada por Adrianne Palicki, a série não passou pelo piloto de aprovação, sendo cancelada e engavetada. Enquanto Adrianne encontrava um novo emprego na ABC, como a Harpia/Bobby, em MARVEL’s Agents of S.H.I.E.L.D. (2013– ), o episódio piloto vazou na internet.

Nesta “reinvenção”, Diana possuía três alter-egos. O primeiro deles era como a famosa Mulher-Maravilha, heroína que combatia o crime e as forças do mal. O segundo era Diana Themyscira, empresária e dona-fundadora das empresas Themyscira Industries, e que o mundo inteiro sabia ser a identidade “real” da Maravilha.

A personagem ainda assumia a identidade de Diana Prince, uma solitária mulher “do mundo real”, um alter-ego que Diana sempre usava quando precisava de uma folga de sua vida corrida e de sucesso. Com o seu vazamento, o episódio foi mal recebido pela crítica e pelo público, sendo marcado como “embaraçoso”.

A segunda tentativa contemporânea nunca saiu da pré-produção. Amazon, projeto da The CW, que dava os primeiros passos para estabelecer o seu império de super-heróis da DC, exploraria as origens da heroína tendo Temíscira como seu pano de fundo.

A pré-produção foi iniciada em 2013, quando um primeiro roteiro foi feito, sendo reescrito duas vezes. Na época, o canal acabou acelerando a produção de The Flash, para que a série pudesse tomar o espaço que inicialmente seria de Amazon.

No início de 2014, o projeto foi oficialmente engavetado, “sem planos para revisita-lo no futuro“. Mais tarde, uma pista foi data por Geoff Johns, anunciado como co-chefe da DC Films e responsável pelo estabelecimento do futuro da UEDC após a má-recepção de Batman vs Superman: A Origem da Justiça. O produtor contou que a Mulher-Maravilha poderia vir a participar de Arrow, uma vez que Amazon se passaria no mesmo universo. Porém, a tal aparição nunca aconteceu, e Diana continuou no freezer.

 

Diana Animada

Em contra partida à falta de sucesso em transpor Diana mais uma vez para a TV (ou fazer sua estreia nos cinemas), a personagem tem tido um bom sucesso entre os filmes animados e os desenhos. Ao longo dos anos, a Princesa de Temíscira já foi vista em 16 filmes animados, entre eles o homônio Mulher Maravilha (2009), Liga da Justiça: Crise nas Duas Terras (2010), Liga da Justiça vs. Os Jovens Titãs (2016) e LEGO Batman: O Filme (2017).

O filme animado "Mulher-Maravilha" foi lançado em 2009
O filme animado “Mulher-Maravilha” foi lançado em 2009

A Amazona também aparece em várias séries animadas, como Liga da Justiça (2001-2004), Liga da Justiça: Sem Limites (2004-2006) e Super Amigos (1973-86). Na televisão animada, Diana pode ser assistida em Justice League Action, da Cartoon Network, que estreou em dezembro de 2016, com 52 episódios programados para a sua primeira temporada.

 

A Origem da Justiça

Com todas as tentativas de levar Diana de volta a TV, o mundo parecia nunca mais ter a chance de se (re)apaixonar pela personagem. Porém, com o início do Universo Cinematográfico da DC, a oportunidade deu à Mulher-Maravilha uma nova chance para a sa estreia cinematográfica.

A primeira foto divulgada de Gal Gadot como Diana, para "Batman vs Superman: A Origem da Justiça"
A primeira foto divulgada de Gal Gadot como Diana, para “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”

A recepção moderada de O Homem de Aço (2013) animou a Warner Bros. e a DC em montar, pela primeira vez na história do cinema, a Liga da Justiça original. O primeiro passo pela essa empreitada ambiciosa foi Batman vs Superman: A Origem da Justiça.

Lançado em 2016, o filme dirigido pelo não muito compreendido ou amado Zack Snyder, também diretor de O Homem de Aço, trouxe um duelo sem precedentes entre o Superman (Henry Cavill) e o Batman. Interpretado por Ben Affleck, o Morcego foi reapresentado em uma roupagem baseada na versão mais velha de Bruce Wayne, vigilante de Gotham City há mais de 20 anos. A película também deu a oportunidade de outros membros de Liga (o Aquaman, o Flash e o Ciborgue) fazerem uma breve aparição, marcando assim a primeira geração da Liga da Justiça.

Batman vs Superman enfim deu ao mundo o que já se esperava há quase 40 anos. Diana fez seu majestoso retorno para o mundo live-action, agora no corpo da israelita Gal Gadot, conhecida pelo grande público por seu papel em três filmes da franquia Velozes & Furiosos. Nesta nova versão, a Princesa de Temíscira havia se aposentado há 100 anos, após eventos que a fizeram perder a fé na humanidade.

No filme de Zack Snyder, Diana possui uma armadura mais cromada, e mais deteriorada devido o passar do tempo. As cores extremamente opacas marcam a lembrança do que um dia foi a Mulher-Maravilha, animada em estar no Mundo dos Homens e dar um fim com a “a Guerra para acabar com todas as Guerras“.

 

O Solo da Maravilha

Foram necessários 75 anos de história para que a Mulher Maravilha pudesse ganhar o seu próprio filme. A película é o resultado de um trabalho árduo da Warner Bros./DC em estabelecer o seu próprio Universo Cinematográfico, em resposta ao gigantesco sucesso do Universo Cinematoráfico da Marvel.

Dirigido por Patty JenkinsMulher-Maravilha chegou às telonas estabelecendo recordes e sendo um marco, no geral, para os filmes de heróis com protagonistas femininas.

Banner promocional para "Mulher-Maravilha", o filme solo da personagem lançado em 2017
Banner promocional para “Mulher-Maravilha”, o filme solo da personagem lançado em 2017

Lançado em junho de 2017, Patty Jenkins apresenta ao mundo a Ilha do Paraíso, estabelecendo os primeiros anos de vida de Diana (Gal Gadot), filha de Hipólita (Connie Nielsen). A princesa, superprotegida pela rainha, está constantemente tentando ter o mesmo treinamento de uma Amazona, recebendo lições escondidas de sua tia Antíope (Robin Wright), que tem o deseja de torná-la a “melhor Amazona já vista”.

Quando Steve Trevor (Chris Pine) cai na Ilha, após um acidente causado pela sua fuga das tropas da Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial, Diana parte junto ao Mundo dos Homens afim de derrotar Ares, que ela acredita estar por trás da Guerra das Guerras.

É no meio do horror humano que Diana encontra a sua verdadeira vocação. Disposta a ajudar todos aqueles que não pode se defender sozinho, a princesa adota o manto de Mulher-Maravilha, mostrando uma força inabalável enquanto os homens tentam contê-la.

 

Sucesso mundial

O longa se transformou em um sucesso de bilheteria instantâneo, arrecadando US$ 223 milhões mundialmente em seu primeiro fim de semana e batendo todos os filmes da Marvel já lançados, tornando-se o filme de super-herói mais bem avaliado pelos críticos no Rotten Tomatoes, um agregador de críticas especializada. Mulher-Maravilha levou apenas três semanas para ser o segundo melhor desempenho da história da DC, ficando atrás apenas de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008). E com a diretora Patty Jenkins no topo da lista de melhor estreia em filmes dirigidos por mulheres, a crítica ainda destacou o longa como o melhor filme de super-herói desde a trilogia Batman, dirigida por Christopher Nolan.

A escolha da israelense Gal Gadot para a heroína foi fervorosamente criticada no início, principalmente pela falta de seus atributos mamários e o uniforme que viria a usar em Batman vs Superman. Porém, sua performance no filme de Zack Snyder acabou com qualquer dúvida, estendendo-se para o longa de Jenkins. Sua atuação, que foi fortemente marcada pelas expressões de ingenuidade, surpresa, incredulidade, esperança e compaixão, arrebataram todos aqueles que assistiram à película. Gal passa a impressão de ser a Mulher-Maravilha na/da vida real.

 

Sobre Representação

O filme de Patty Jenkins acerta na construção da personagem, trazendo uma Diana extremamente cativante. A princesa de Temíscira é forte, doce, poderosa, inocente, decidida e curiosa. A identificação do público com a personagem provavelmente vem do fato de que, mesmo sendo uma semideusa superpoderosa, ela é uma pessoa complexa como qualquer ser humano.

O simples fato da existência de Diana contrapõe a crítica recorrente de que as personagens femininas não dão bilheteria. Com Mulher-Maravilha, que até o momento já conta com mais de US$ 660 milhões de arrecadação em menos de um mês em exibição, fica estabelecido que uma mulher não precisa de um protagonista masculino para existir, mesmo que as inteirações entre a personagem e Steve Trevor tenham se mostrado bastante orgânicas.

"Como

É perceptível que estamos vivendo em um mundo onde a posição de coadjuvante ou mero interesse amoroso não corresponde mais ao papel feminino na sociedade. Portanto, um filme como esse já era mais do que necessário. Assim como Mulher-Maravilha abriu caminho para as mulheres nos quadrinhos, espera-se agora que o seu sucesso no cinema abra precedentes para outros filmes protagonizados por heroínas e inicie uma era de mais representatividade, para que garotas do mundo todo tenham uma figura forte e destemida em quem se inspirar.

 

Futuro Promissor

Com toda a história da Mulher-Maravilha nos quadrinhos, TV e Cinema, a personagem mostra-se mais forte do que nunca. Empenhando o seu Laço da Verdade, utilizando seus braceletes, com a tiara na cabeça e vestindo a bandeira norte-americana, Diana tem chão pela frente.

Sem o Super-Homem (Henry Cavill) devido a eventos de "Batman vs Superman: A Origem da Justiça" (2016), Diana completa a primeira formação de Liga da Justiça (2017), que também conta com o Batman (Ben Affleck), Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller) e Ciborgue (Ray Fisher)
Sem o Super-Homem devido a eventos de “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”, Diana completa a primeira formação de Liga da Justiça, ainda trazendo o Batman, Aquaman, Flash e Ciborgue.

Gal Gadot retorna para as telas de cinema no final do ano, com Liga da Justiça. Como parte da Trindade da DC, ao lado do Super-Homem e do Batman, e uma das fundadoras da Liga, Diana está empenhada em ajudar Bruce a reunir todos os meta-humanos que Lex Luthor (Jesse Eisenberg) vigiava em Batman vs Superman, ao mesmo tempo em que dá uma nova chance para a humanidade e volta a vestir o seu uniforme, abandonado anos atrás. As Amazonas também retornam, em flashbacks que buscam estabelecer uma conexão com o vilão da história, o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds), sobrinho de Darkseid.

Devido ao sucesso comercial e de crítica de Mulher-Maravilha, a produção do segundo filme já foi confirmada. Patty Jenkins retorna envolvida no projeto, mas sem confirmação oficial de que ela irá, mais uma vez, dirigir o filme. Sabe-se, no entanto, que na vindoura película, sem data de estreia, Diana deve fazer a sua esperada ida aos Estados Unidos e o público deve ter um generoso vislumbre no icônico Jato Invisível.

Resta agora, aos meros mortais, não-filhos de Hipólita, esperarem os próximos capítulos desta animadora e esperançosa história, onde só uma coisa é certa: teremos bastante Mulher-Maravilha pela frente.


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