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Na Prateleira de Cima / “Entrando na mente e no coração de Nalü”

Sendo uma leitora assídua, eu gosto de sair da minha zona de conforto, ler livros que normalmente não leria e conhecer novos autores. Foi através dessa minha vontade de descobrir novas coisas que eu conheci a brasileira Nalü Romano, autora do livro você (e todas as outras coisas que me machucam também).

Dividido em dua partes, “você” e “e todas as ouras coisas que me machucam também“, o livro aborda diferentes tipos de sofrimentos. Os poemas da primeira parte são sobre uma desilusão amorosa que Nalü sofreu. Ela retrata, de maneira sincera e crua, tudo o que sentiu até o momento em que decidiu esquecer a pessoa, e deixá-la ir embora.

A segunda parte do livro também aborda outros tipos de sofrimentos que a autora passou ao longo de sua vida. Ela escreve sobre seu pai, sua irmã, outros amores, os traumas e os sentimentos não resolvidos.

 

quando tenho saudade / quando não tenho

o tempo todo,

exceto quando não

 

Mesmo não sendo uma grande fã de poemas, a decisão de ler o livro da Nalü foi uma das melhores que eu já tomei. Não há nada melhor do que se identificar com o que o escritor escreve, com as experiências do autor. Eu senti tudo isso enquanto lia você (e todas as outras coisas que me machucam também). Alguns dos temas que ela aborda geraram certa identificação em mim. Afinal de contas, quem nunca sofreu por amor? Quem nunca escreveu para aquela pessoa que te magoou? Quem nunca escreveu para celebrar novos amores? Quem nunca escutou uma música e se lembrou de alguém especial? Essas identificações tornaram a leitura bastante especial.

Com uma linguagem simples e as ilustrações da artista Pérola Navarro, você (e todas as outras coisas que me machucam também) parece levar o leitor para dentro do coração e da mente de Nalü. Através de seus poemas, ela relata os diversos tipos de sentimentos e sofrimentos (até mesmo aqueles que são mais difíceis de falar sobre), e causa um série de reflexões em quem está lendo. Ao mesmo tempo em que você ri e se diverte com alguns dos poemas, você também se emociona.

 

A Autora

Em entrevista exclusiva à ZINT, Nalü Romano fala um pouco do processo de escrever o livro e sobre a importancia da escrita em sua vida. Segundo a autora, ela nunca parou pra pensar que a escrita se tornaria uma profissão, uma vez que era o modo que ela usava para poder se expressar. “Como o meu pai perdeu a voz, eu me comunicava com ele através da escrita. Então, escrever para mim era uma forma de expressão, era uma necessidade”, revela. Uma das marcas registradas de sua escrita, é o fato dela escrever sobre assuntos inusitados, como fica evidente nos poemas: Molho Triste e Até quando eu tô cagando. “Tenho um compromisso com o real, com o cru.”

 

molho triste

esse é um poema para todos o molhos de tomate que

eu já comprei e deixei a geladeira para sempre, depois

de abrir e usar só metade, geralmente pelos motivos

errados, esqueci e voltei pra casa com um pote novo pra

substituí-lo, porque não me importei o suficiente pra

abrir a porra da geladeira e ver se ele ainda estava lá.

molho de tomate, eu te escrevo porque ela fez isso

comigo. e eu sei que se um dia ela me tirar desse lugar

gelado, é só pra me jogar na lixeira mais próxima,

quando tudo que eu queria era virar o seu vaso de flor

 

A inspiração para o livro veio de uma desilusão amorosa que Nalü sofreu. “Tudo surgiu a partir da frase: ‘quando olho pra você, não sinto nada’. Eu fiquei com isso na cabeça e quando cheguei em casa, escrevi essa frase no documento do word e a partir daí comecei a escrever poemas para a garota que me disse isso”. Você foi escrito originalmente em inglês e na ordem em que está publicado; a ordem natural dos sentimentos dela.

Essa sua desilusão amorosa foi uma espécie de gatilho, e a partir deste sofrimento Nalü começou a escrever sobre outras coisas que também mexiam com ela. “Eu respeito bastante o meu processo criativo e com o tempo as coisas começaram a vir à tona; outros sofrimentos. Eu fui aprofundando nos sentimentos, nos meus sofrimentos”, conta. Algo que ajudou em todo esse processo de escrita do livro foi o fato de que ela não tinha nenhuma pressão. Ao mesmo tempo em que estava escrevendo, também tinha sua vida em Nova York, suas aulas de teatro e outros compromissos.

Já sobre o processo de publicação do livro, Nalü se considera uma pessoa de muita sorte, pois, apesar de ter corrido atrás de muita coisa, o contato com a editora aconteceu de forma inusitada: “Eu não tinha o costume de postar os meus poemas no Instagram e não usava hashtags, mas um dia resolvi postar um poema e coloquei hashtags. A editora me achou pelo instagram, ficaram interessados e entraram em contato comigo”. E foi assim que ela publicou, em abril deste ano, o livro.

Então, se você gosta de livros de poesias ou quer conhecer uma nova autora, você (e todas as outras coisas que me machucam também) é uma ótima dica. Ao longo das páginas, Nalü consegue transmitir toda sua essência e seu jeito único para o livro, o que torna a leitura bastante especial.

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